Apenas.
“Nossa visão do terapeuta é que ele é semelhante àquilo que o químico chama de catalisador, um ingrediente que precipita uma reação, que de outra maneira não poderia ocorrer. Ele não determina a forma da reação, que depende das propriedades reativas intrínsecas das substâncias presentes, e tampouco participa de qualquer composto que venha a ser formado com sua ajuda. O que ele faz é simplesmente dar início a um processo, e há alguns processos que, uma vez iniciados, são automantenedores e autocatalíticos. Admitimos ser este o caso da terapia. O que o médico põe a funcionar, o paciente continua sozinho. O “caso bem-sucedido”, não é uma “cura” no sentido de um produto acabado, mas uma pessoa que sabe que possui ferramentas e equipamento para lidar com os problemas à medida que estes surjam. Ele ganhou espaço para trabalhar, sem ser estorvado pelas bugigangas acumuladas de transações iniciadas mas não acabadas.
Em casos tratados sob esta formulação, o critério do progresso terapêutico cessa de ser uma questão de debate. Não é uma questão de “aceitação social” aumentada ou melhores “relações interpessoais”, vistos através dos olhos de uma autoridade estranha e autoconstituída, porém a própria tomada de consciência por parte do paciente de sua vitalidade elevada e modo de funcionar mais efetivo. Embora os outros possam também notar a mudança, a opinião favorável deles a respeito do que aconteceu não é o teste para a terapia”.
Era uma madrugada de chuva, e ele caminhava. Um certa dia de algum ano, mas era de fato um dia e um ano; são tantos dias e anos não vividos, dias e anos que não chegam a ser segundos, e quando a pessoa toma consciência para sua mente correram tempos praticamente nanos, enquanto o corpo, certamente, pode ser considerado objeto de estudo da paleontologia.
Enfim, era um dia e um ano.
E que tempo! Já não era sem! Parecia inclusive que havia rejuvenescido completamente, sendo uma criança que acabou de aprender a andar, pois cada passo seu era dado com tanto esmero e, no entanto, não tinha o mínimo cuidado em mente; aliás, nada tinha em mente, simplesmente gostava de si mesmo e o fazia.
“Pensar é ensaiar. Quem sabe faz sem pensar”.
A cidade toda dormia. Sempre dormia. Eram sonâmbulos desde sempre: não sabiam o que era estar acordado e tampouco o que era dormir: agiam por automatismo, sem pensar, sem sentir, sem tudo e mesmo sem nada, pois mesmo o nada exige compreensão.
Ele finalmente sentia: tocava o mundo e sentia a sua maciez e dureza como um bebê cuja pele tão nova é ávida de curiosidade em percorrer o mundo e brincar na lama sem ter medo de se sujar, via o jogo de cores e luz & escuridão tal como uma divertida tingida de infinitos pincéis lindamente libertos de mãos, ouvia o canto da natureza além das supostas oitavas e suas harmonias, degustava sabores tantos que dificilmente poderiam ser resumidos a quatro, e cheirava desde as flores recém abertas de seus botões até a deliciosa torta asada por alguém em terras longínquas.
Mais: ele via os sons, sentia o gosto do tato, cheirava as cores, e tantas outras ...
Tornou tudo presente.
Na natureza e no amor, tudo é unido.
Organísmico.
“Perca a cabeça e chegue aos sentidos”.
Sua autobiografia tampouco seria “fiquei confuso”.
E igualmente não “agora lúcido”.
Simplesmente seu próprio exemplo seria sua obra.
Voou para as estrelas e se fez nada.
E isso é tudo.
“Tal terapia é flexível e é por si só uma aventura de vida. O trabalho não se alinha com o conceito errôneo de o médico “descobrir” o que há de errado com o paciente e “lhe dizer”. As pessoas têm estado a “lhe dizer” a vida inteira e, na medida em que ele aceitou o que dizem, ele também tem estado a se “dizer”. Mais ainda, mesmo que haja a autoridade do médico, isso não vai mudar nada. O que é essencial não é que o terapeuta aprenda algo sobre o paciente e então lhe ensine, mas que o terapeuta ensine o paciente como aprender sobre si mesmo. Isso envolve o fato de ele tomar diretamente consciência de como, sendo um organismo vivo, ele funciona na verdade. Isto se consegue com base em experiências que são não-verbais”.
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