terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Sexo - O que significa para mim


Quanto mais deprimido, mais o sexo como forma de prazer, de anestesiar ou mesmo apagar a realidade num universo de total gozo.

Como? Sexo virtual e masturbação.

Mulher real: "Ela sabe que sou ridículo e só vai ficar brincando comigo e nunca vai dar para mim"

Mulher virtual: "Uso e descarto" (e quase sempre sinto depois do gozo uma enorme angústia, insatisfação, sabendo como tudo isso é fantasia e nada real e como isso tudo diz muito sobre mim e de como sou um fracassado).

Insatisfação: querer estar com uma garota.

Para que? Ela dar para mim? Não apenas isso: para eu me sentir amado. Negar sexo, negar companhia, negar atenção, negar carinho, é caixão, é frustração, é angústia e ressentimento e autodepreciação crescentes.

Em suma: a mulher é uma coisa, uma escrava, algo para ser usada, manipulada, explorada, descartada, para estar ao meu dispor.

Meter e gozar.

Ter atenção e carinho.

Me sentir especial, amado, querido.

Como uma criança.

A mãe ao seu dispor.

Alguém que serve incondicionalmente.

Ou seja:

- Eu não sei o que é sexo

- Eu não sei o que é amar

- Eu não sei tratar ou mesmo reconhecer uma garota como um indivíduo, como alguém com autonomia, liberdade, necessidades, desejos e vontades, interesses, conhecimentos e opiniões, estratégias e atitudes próprias.

E se faço isso com garotas, também não faço isso com amigos?

"Me sirvam que eu sou especial e mereço ser tratado com todo apreço"?

"Reconheçam como eu sou genial, incrível, intelectual, me adorem e façam tudo por mim!"

Quando, em verdade, eu me sinto frustrado, injustiçado, desrespeitado, humilhado, e usando isso como forma de revanchismo, vitimismo, exploração, escravidão, ter todos ao meu bel-prazer e ai de quem fizer algo contra: "Está tentando me humilhar como todos os outros fizeram?!"

A vítima sempre tem razão?

Não: a vítima está totalmente errada em usar sua condição para agir como carrasco, como um sanguessuga.

E a vítima, cheia de ressentimento, adora procurar todo tipo de situação, real ou imaginaria, para se fazer de vítima, ou seja: para se vitimizar, para alimentar o vitimismo, para assim usar de tudo e usar todos para seu regozijo: total simbiose com seu "carrasco", com seu "explorador", revanchismo total: "Quem é que manda em quem agora, seu merda?! Tá achando que pode me matar, que pode me humilhar, que pode me escravizar?! Agora eu quem mando, eu que te humilho, eu que te exploro e até te mato se me der vontade, e tudo isso porque você me autorizou a fazer isso porque aqui é olho por olho e dente por dente!"

Vontade de respeitar, de ver o outro como ser humano, de ver o outro como alguém com autonomia, liberdade, necessidades, desejos e vontades, interesses, conhecimentos e opiniões, estratégias e atitudes próprias, de ver o outro como indivíduo? "Não, ele não merece isso, tá achando que vou perdoar esse merda?! Quero mais que se foda, que sofra, que pague com juros tudo aquilo que sofri, que receba com juros todo o sofrimento que sofri!"

Nada de amadurecimento, nada de independência, uma vida presa a ser mimada e tratando tudo e todos como brinquedos e como brincadeira, uma vida sem objetivo algum senão curtir, senão viver um prazer banal. "Eu quero ser protegido e só me divertir e viver o que me diverte!"

Uma vida sem interesse, sem arte, sem profundidade, sem esforço, sem cultivo.

Vive viciado na dor e usando a dor para ter atenção de todos e só usufruir do que é gostoso: "Porque eu apanhei só quero agora a parte deliciosa de tudo!"

"Não quero esforço e nada que dê chance a eu voltar a sofrer, quero que se esforcem por mim em tudo e eu só aproveite o lado bom da vida, tudo entregue nas minhas mãos e eu só aproveitar e curtir"

"Porque eu me esforçar é eu me abrir, e se me abro podem me atacar de novo"

A vida como sofrimento, a zona de conforto como O Paraíso: "Eu quero ser mimado para todo o sempre!"


"Eu quero ser mimado para todo o sempre!"


Como superar isso?

Quem eu tenho evitado?

Os monitores.

Os tutores.

Os professores.

Todos aqueles que podem me ajudar a fazer os exercícios, com quem posso aprender, com quem posso me esforçar, posso raciocinar, posso pensar, imaginar e criar soluções e finalmente avançar.

Faço de tudo para dizer que tudo é muito difícil, faço questão de me isolar de todos e dizer que é muita coisa para mim e que não consigo, que não vou aguentar, que é complicado demais para lidar sozinho, que é tudo muito abstrato, etc.

O fato: não quero me esforçar, pensar, raciocinar, imaginar, criar, quero só criticar, questionar, vê empecilho em tudo e reclamar de tudo e manter a todo custo a zona de conforto.

Quanto mais odeio os outros mais temo os outros e mais quero os outros longe de mim, perto de mim apenas naquilo que for conveniente: me mimar.

Como superar isso?

"A vida é sofrimento" porque eu quero ver a vida como sofrimento, porque é conveniente ser escravo dos meus medos, é conveniente alimentar meus medos para gerar mais e mais ressentimento e assim tentar ao máximo me vitimizar e usar os outros como eu quiser.

Como superar isso?

Tratando os outros como indivíduos. Reconhecendo como é possível interagir saudavelmente com os outro.

Parar de usar meus medos como escudo e como instrumento de manipulação.

Romper a visão ocasionada pelos meus traumas de que todos são maus e não se pode confiar em ninguém.

Quanto mais puder conhecer os outros mais poderei desenvolver meios para interagir bem com eles.

O medo saudável leva, através da cautela, a questionar e calcular os riscos e a elaborar estratégias. Se integra ao sonho e a confiança em si e ao desejo de construir e viver bem.

O medo patológico culpa tudo e todos e explora tudo e todos construindo uma zona de conforto ao redor de si. Busca a todo tempo sofrer para se fazer de vítima e se torna cada vez mais dependente de tudo que o alimente - seja no sentido de se tornar cada vez mais tanto paranóico (para culpar: se vitimar) como autoritário (para zona de conforto: ser mimado).


Como superar isso?


Dando o primeiro passo.

Dando o segundo passo.

Dando o terceiro passo.

E nunca parando de caminhar.

Exceto para descansar.

A vida é interessante demais para não caminhar.

É preciso caminhar.

Sentir a vida.

Gostar da vida.

Querer a vida.

E quanto mais poder sentir, gostar, querer a vida, mais poder explorar, se aventurar, aprofundar e compreender a vida.

E consequentemente poder sentir, gostar e querer a mim mesmo, explorar, aventurar, aprofundar em minha própria essência e finalmente me compreender.


A verdade, nua e crua


Eu quem fico, mais do que todos, me torturando, me humilhando, provocando sofrimento e ressentimento sobre mim mesmo. É preciso que eu pare de me autodestruir, que eu aprenda a não me odiar, e isso só é possível na medida em que eu aprenda a me respeitar e, portanto, efetivamente eu me respeite. Continuar a me odiar e a me destruir significará continuar a buscar bodes expiatórios e nunca ir em frente. É preciso que eu me responsabilize e mude de fato. 


Assim sendo, trata-se de eu me aceitar e me desenvolver, assim como de aceitar as pessoas e não levar para o lado pessoal e sim me concentrar no essencial. A indiferença para o que não é importante e o foco para o que é relevante: trabalhar a visualização, o discernimento e a atitude a ser levada em conta.