terça-feira, 16 de novembro de 2010

Os Novelos de Linha (no chão)

Somos pensamentos.
Que você deveria ter pensado;
Pequenos pés que nos levassem à vida
Você devia ter-nos dado!
Deveríamos ter ressoado
Com maravilhosa melodia
Mas ei-nos, como novelos de linha,
À terra destinados

Folhas Secas

Somos um lema
Que você deveria ter adotado!
A vida, graças à sua preguiça,
Nos foi denegada.
Por vermes somos devoradas
De lado a lado
Fruto algum nos terá
Como coroa a aureolá-lo.

Um Suspiro no Ar

Somos canções
Que você deveria ter cantado!
No fundo de seu coração
Fomos soterrados por seu desespero!
Ali nos quedamos, à espera,
Você, porém, nunca nos chamou.
Votos fazemos para que envenenadas
Putrefaçam sua garganta e sua voz.

Gotas de Carvalho

Somos lágrimas
Que você jamais derramou.
O cortante gelo
Por todos os corações temido
Poderíamos haver derretido
Mas agora seu escalpêlo
Fincado está em um coração obstinado.
A ferida se fechou;
Nosso poder findou.

Palhas Quebradas

Somos ações
Que você nunca praticou;
Sua dúvida nos estiolou
Embrulhadas nos deixou.
No Dia do Juízo
Lá estaremos
E nossa história contaremos
E você, como fará?

(in "Peer Gynt", de Ibsen)

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