sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Contradictio



"Segui il tuo corso, e lascia dir le genti"

Como uma alma penada, cuja pena é o próprio existir, cuja raiva é a própria vida, a vida de outros, a vida em todas as perspectivas e cores.

Um fantasma, um ser sem corpo, que não se alimenta, não se veste, não habita nenhum mundo e não existe em nenhum tempo. Corpo é vida, e descarrega em toda e qualquer concretude, em tudo que possa ser alcançado pelos sentidos sua ira, a razão pura, que disseca as contradições e hipocrisias abrindo o ser vivo sem anestesia, que fecha as portas que sempre estiveram encerradas, que assombra tocando as raízes sem criar relações: isola os outros integrando-os as suas negatividades, que correm para se perfumar nelas mesmas, num pharmacon mentiroso que mente a própria mentira e a chama de vida.

Sua força está na alma, na intelectualidade. É um Shiva que destrói vida para criar a morte. Pois, em realidade, ela apenas liberta a morte: nunca houve vida, pois nunca houve natureza. Artificialismos, separações de si, compensações e recompensas infinitas de nada. O natural, o corpo, o amor, não houveram abraços.

Violência da alma, sem corpo para ser agredida. Um mundo de alma, um mundo sem dor.

O corpo é impotente, pois sente e é sentido, percebido.

Vivas a abstração e a invisibilidade.
Vivas a marginalidade, da não-necessidade, da inexistência do correr atrás de estrutura, gente e tempo.

Não há espaço e tempo, e assim todos os espaços e tempos são meus.

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