O inimigo
“Sabe, há pessoas que são tão loucas que pensam estar combatendo um mau, massacram incessantemente alguém, violentam uma pessoa todo dia, apunhalam covardemente alguém que está querendo apenas ser amigo, ter alguém para cuidar e gostar, viver, está juntando cacos, acreditando, tendo fé, buscando a esperança, tentando amar tudo e todos, abrindo o peito sem medo. E as facadas não param nunca. Quem é o monstro? Pra ti, o que explicaria algo assim?”
.... e ele estava cada vez mais solitário. Divagava sobre as grandes causas da humanidade, das ciências, filosofias, religiões, ideologias.
“Não, jamais deveria ter sido assim.
Não era assim que as coisas deveriam acabar.
Por que assim?”.
Por que do por que? Por que do porquê? Por que?
Parque.
Peripathético.
“Nada sei”.
Nem ético nem triste nem caminho. Nem nadava, nem navegava. Nem vivia e nem morria.
“Nem.
Não.
Nunca”.
Palavras constantes. Discursos. E o vento levava tudo.
“Mãe.
Alguém.
Por favor”.
Não saia mais de casa. Não sabia se era mais noite ou dia. Não importava.
Embaixo das cobertas escondia-se uma criança assustada.
Embaixo da criança escondia-se o medo.
Embaixo do medo escondia-se o nada.
Nada tinha. Nada era. Nada de nada.
O que a análise crítica poderia oferecer?
Já não existiam mais abraços, agrados.
Desmontava laços, cuspia ácidos.
Desestruturado. Corroído. Vampiro.
Fausto.
Deixa esse pacto.
Que holocausto.
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